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PAULO CEZAR S. VENTURA
Paulo Cezar Santos Ventura é poeta (autor de poemas, spinas e haikais), cronista, contista (especializado em microcontos), aforista, contador de causos. Graduado e Mestre em Física, Paulo Cezar S. Ventura doutorou- se em Ciências da Comunicação e Informação, aposentou-se como professor em Instituição Federal de Ensino Superior e dedica-se hoje a seus escritos em tempo integral. Tem livros, artigos e teses publicadas enquanto profissional da educação e já é autor de um livro de poesias (Mistérios de Marte) e um infantil (Zorro).
(ALDRAVIA)
SER-TÃO
MIRAR
OBSERVAR
ABSORVER
INCORPORAR
VIVER
SER-TÃO
Extraído de:
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VENTURA, Pualo Cesar S. Mistérios de Marte. Belo Horizonte, MGH: Arquimedes Edições, 2015. 104 p. 15 x 21 cm. (Coleção Museu Nacional da Poesia, vol. 10). Editora e foto: Regina Mello. ISBN 978-85-89667-54-8
Ex. bibl. Antonio Miranda, exemplar enviado por Regina Mello.
Trechos do livro "Mistérios de Marte", de Paulo Cezar S. Ventura:
Escrevo diariamente depois de ler meu horóscopo, esse
pedacinho de fim de página.
Sou Peixes, signo terminal, escorregadio, cheio de fé e paixão.
Recebo emanações de todos os planetas, dizem.
Estamos mais fracos sem Plutão?
Meu horóscopo, palavras guia, com Marte em Touro se inicia:
à tona diferenças teóricas, filosofias conflitantes, desavenças
corriqueiras. Diferenças não são ruins, trazem luz
e esclarecimento, tons e cores na busca de identidades.
Seres mutantes se adaptam a cores e dores dia e noite.
Não é fácil manter-se íntegro diante do poder de coisas e objetos
mesmo sem brilho de ouro e diamantes.
*
MELLO, Regina. Antologia de Ouro IV. Museu Nacional da Poesia / Organização Regina Mello. Belo Horizonte, Arquimedes Edições, 2016. 160 p. 15 x 21 cm. ISBN 978-85-89667-56-2
Ex. bibl. Antonio Miranda, enviado pela editora.
Dois objetos
I
Objetos para deslumbramentos gastronômicos:
bacalhau demolhado em água corrente
avaliado em mil maneiras;
vinho ligeiramente envelhecido;
castanhas portuguesas aquecida ao forno;
mulher afremosentada, de fino paladar,
para deliciamentos sem dueto.
II
Objetos para carregas em mochilas;
anticorpos contra preguiça de rever amigos;
container como reserva técnica de afetos;
canivete para cortar tristezas temporárias;
bloco de anotações para sossegar loucuras
antes que elas anoiteçam.
Versos e reversos
Hoje tentei fazer tudo certo
Pinguei todos os is e até os jotas
Craseei os às corretamente
Coloquei vírgulas e ponto-vírgulas nos bons lugares.
Segui as regras
Escrevi certo em linhas retas
Floreei alguns versos
Melodramei outros
Enxuguei frases molhadas
Reguei palavras secas
Mas nada saiu como previsto.
O texto saiu queimado do forno
O verso por demais apimentado
A estrofe saiu aguada
Não consegui beber a poesia socialmente
embriaguei-me.
Troquei as chaves da frase explícita
Entrei pela janela do conto fantástico
Dormi no sofá da crônica enluarada.
Acordei com ressaca de romance policial.
Mas tenho no bolso um beijo comprado na padaria da
esquina
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Página publicada em fevereiro de 2021
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